Os animais de granja estão frequentemente expostos às micotoxinas, as quais apresentam numerosos efeitos negativos sobre a sua saúde e representam um grande problema para a segurança dos alimentos de origem animal. Compreender a interação destas toxinas com o organismo pode fornecer informações valiosas sobre o seu mecanismo de ação, o que por sua vez facilita o desenvolvimento de estratégias para reduzir os efeitos nocivos na alimentação animal.
Por exemplo, a inclusão de agentes desintoxicantes na dieta poderia mitigar a exposição às micotoxinas. No entanto, seguindo as recomendações da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), a eficácia dos desintoxicantes deve ser avaliada por estudos toxicocinéticos. Os estudos toxicocinéticos descrevem o destino de uma toxina no organismo, com base nos processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ADME).
Gruberg-Dorninger et al. (2019) mostraram que as principais micotoxinas encontradas em rações de aves contaminados são as fumonisinas (FBs), que representam 60% da contaminação em alimentos. Da mesma forma, foi descrito que, em frangos de corte, as FBs são absorvidas aproximadamente 2-3% no trato gastrointestinal, apresentando baixa biodisponibilidade e rápida distribuição nos tecidos, como fígado, rim e músculo (Knutsen et al. al., 2018). Quanto ao seu metabolismo, foram descritas na literatura reações de hidrólise que levam à produção de dois metabólitos principais, PHFB1 (FB1 parcialmente hidrolisado) e HFB1 (FB1 hidrolisado) (Knutsen et al., 2018).
Além disso, demonstrou-se que as FBs são análogos estruturais de bases esfingóides que inibem a ceramida sintase. Esta inibição induz uma variação no metabolismo dos esfingolípidos e alterações patológicas. De fato, a alteração da relação esfinganina/esfingosina é considerada um biomarcador de grande interesse para determinar a toxicidade das FBs (Guerre et al., 2022).
Quanto à excreção das FBs, as vias mais importantes incluem a via biliar, com maior eliminação observada nas fezes, que geralmente representa 90% da dose administrada. Tanto as FBs como os seus metabolitos foram identificados em amostras de fezes e têm uma semi-vida inferior a 4 horas (Knutsen et al., 2018). Neste sentido, os estudos toxicocinéticos, baseados em processos ADME, são uma ferramenta eficaz para avaliar a susceptibilidade de espécies animais às micotoxinas e para avaliar a eficácia de soluções anti-micotoxinas.
BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS®: Ensaio toxicocinético de FB1 em frangos de corte
BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS® combina materiais adsorventes para sequestrar eficazmente micotoxinas na alimentação animal. Além disso, contém uma mistura de extratos naturais e leveduras selecionadas, que oferecem efeitos bioprotetores e pós-bióticos. Esta combinação única de minerais, materiais orgânicos e componentes fitogênicos foi desenvolvida por uma equipa científica multidisciplinar, em estrita conformidade com os requisitos da EFSA.
Para resolver este problema e fornecer indicações de interesse para o setor, foi realizado um ensaio in vivo em colaboração com a Universidade de Ghent para avaliar os efeitos do BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS na biodisponibilidade oral de FB1 em frangos de corte, avaliando perfil de concentração plasmática em função do tempo.
Conforme mostrado na Figura 1, seis frangos de corte Ross 308 com 21 dias foram utilizados no ensaio experimental e alimentados com ração comercial por 1-6 dias (período de adaptação). Esta dieta estava naturalmente contaminada com baixos níveis de desoxinivalenol (152 ppb), zearalenona (19,9 ppb) e FB1+FB2 (51,2 ppb).
Figura 1. Desenho experimental.
Seguindo o desenho experimental, no período I, um único bolo alimentar com 25.000 ppb de FB1 foi administrado a 3 frangos de corte, enquanto os outros 3 animais receberam o mesmo bolo alimentar de FB1 (25.000 ppb) em combinação com 3 g/kg de BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS. No período II, foi realizado um desenho para estudar o tratamento que incluía a administração de FB1 e o tratamento que incluía FB1 + o produto anti-micotoxina estudado para os diferentes frangos de corte. Amostras de sangue foram coletadas antes da administração dos tratamentos e às 0,08, 0,25, 0,5, 0,75, 1, 1,5, 2, 3, 4, 8 e 12 horas após a administração.
As análises toxicocinéticas incluíram o estudo de diversos parâmetros, como a área sob a curva de concentração plasmática em função do tempo de 0 a 12h (AUC0→12) e a concentração plasmática máxima (Cmáx).
O efeito do BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS na absorção oral de FB1 foi avaliado comparando os parâmetros toxicocinéticos baseados nas concentrações plasmáticas de FB1 em amostras tratadas exclusivamente com FB1 em relação a àquelas com FB1 e o produto antimicotoxina, com foco em AUC0→12 e Cmáx.
Resultados do ensaio: eficácia do BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS
A exposição sistêmica (refletida pela AUC) do FB1 foi significativamente menor nas galinhas que receberam FB1 + BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS, em comparação com aquelas que receberam apenas FB1 (Figura 2). Mais especificamente, AUC0→12 e Cmáx apresentaram redução de 82% e 74%, respectivamente (Tabela 1).
Figura 2. Perfil de concentração plasmática em função do tempo de FB1 após administração de bolo alimentar único de 2,5 mg de FB1/kg de peso corporal isoladamente ou em combinação com 3,0 g de BIŌNTE® QUIMITOX® PLUS®/kg de peso corporal.
Tabela 1. Principais parâmetros toxicocinéticos do FB1 após administração oral, isoladamente ou em combinação com BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS.
Estes resultados, publicados no World Mycotoxin Forum (2023), mostraram a eficácia do BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS na redução da exposição ao FB1 em frangos de corte.
Este ensaio fornece informações sobre o perfil de concentração plasmática-tempo de FB1 em frangos de corte, demonstrando a eficácia do BIŌNTE® QUIMITŌX® PLUS na redução da exposição sistêmica total ao FB1 nesta espécie.
